sábado, 11 de maio de 2013

A violência feminista contra mulheres anoréxicas e bulímicas

    Ainda dentro da perspectiva de pensar que mulheres não têm qualquer obrigação de ser ou de se sentirem lindas, gostaria de manifestar o meu repúdio pelo tratamento hostil e repelente que o movimento feminista destina a um setor particularmente fragilizado das mulheres, aquelas que têm anorexia e/ou bulimia.
    Em primeiro lugar, faz-se necessário explicar o que essas doenças são, pois a ignorância no assunto é generalizada - não que o desconhecimento de causa impeça que várias feministas falem abundantemente sobre isso, sem demonstrar qualquer propriedade para isso nem qualquer empatia pelas auto-intituladas anas e mias (respectivamente, anoréxicas e bulímicas).
     A anorexia se encaixa entre os transtornos obsessivos-compulsivos, em que um pensamento intrusivo (alheio ao controle da paciente) leva a um comportamento ritualizado que visa desviar o foco mental do pensamento doentio e estabelecer um outro, substitutivo, que faça a pessoa se sentir psicologicamente bem. A anorexia é, a um só tempo, um transtorno de auto-imagem e um distúrbio alimentar. Nela, a imagem que a paciente faz de si mesma é distorcida, e ela se enxerga de maneira infinitamente mais gorda do que realmente é. Reage a isso deixando de comer, fazendo jejuns prolongados (no foods) e alternando-os com dietas absolutamente radicais (low foods). Muitas vezes a auto-mutilação também está presente.
    O ciclo da anorexia é típico: a pessoa passa períodos prolongados sem comer ou comendo quantidades mínimas, até ser acometida por compulsões alimentares (que, basicamente, fazem a mulher ingerir imensas quantidades em curto espaço de tempo de maneira compulsiva). Após vem a culpa e o sentimento de derrota e falta de auto-controle, às vezes seguido de alguma forma de auto-punição, para depois recomeçar a dieta severa ou o jejum.
    A bulimia se difere da anorexia no seguinte aspecto: ao invés de não comer, a bulímica come e vomita o que comeu logo em seguida. Tem uma sensação de ser suja, impura, podre por dentro e ter que purgar isso. A anorexia se concentra em não ingerir alimentos, a bulimia em purgá-los, tipicamente na forma do vômito, mas por vezes também por outros mecanismos (uso de laxantes, diuréticos, exercícios em demasia, etc).
    A comorbidade (convivência de duas doenças ao mesmo tempo) entre anorexia e bulimia é muito alta, e elas frequentemente se completam. Nas duas, o ciclo de auto-sabotagem é um elemento muito forte. Se não fosse por ele, garotas com uma, outra ou as duas doenças morreriam muito depressa. O que as mantém vivas são essencialmente as admoestações da compulsão alimentar.
    É importante salientar que o pensamento bulímico e o anoréxico residem no campo da patologia mental, um espaço em que a racionalidade convencional não penetra e uma outra lógica, doentia, se instaura. Isso, obviamente, está totalmente fora, acima e à parte do controle da paciente. Ela não pode ser responsabilizada por aquilo que sofre jamais!
    A total incapacidade das feministas de compreender, aceitar e lidar com isso gera todo tipo de caos para as mulheres e meninas com transtornos alimentares. Taxadas de alienadas, acríticas, burras, fúteis, coitadas, superficiais, patricinhas, inimigas das demais mulheres, e sobretudo, feias, as anas e mias não encontram nenhuma solidariedade, nenhuma compreensão e nenhum amparo no Movimento Feminista. Ele tem uma postura que as rechaça e as marginaliza.
    Um exemplo de violência rotineira e usual que feministas fazem contra mulheres com anorexia e/ou bulimia é retratá-las de maneira patética, ridícula e engraçada, debochando do sofrimento que elas atravessam, ao fazer charges, quadrinhos e demais artes com mulheres  magras a um nível humilhante.
    Será que elas sabem como é passar fome? Como é ver os cabelos caindo, as unhas enfraquecendo e quebrando? As dores de estômago, depois a gastrite, e depois a úlcera que, no limite, pode levar até a um rompimento do órgão? Será que elas sabem como é ter que conviver de perto com a possibilidade da morte? As dores de cabeça, cada vez mais excruciantes, as fraquezas, a visão escura, e então os desmaios? E cada vez mais desmaios, até que se torne banal, e cada um deles podendo ser o último. Será que sabem como é ficar gripada por qualquer coisa porque a falta de alimento vulnerabiliza, quebrar os ossos por qualquer coisa, os pêlos pararem de crescer, a sombrancelha também? Ver-se minguando, diminuindo, perdendo os seios, os quadris, depois a barriga, e cada vez mais e mais?
    Bom, eu não sei. Mas eu empatizo com quem passa por isso e não ridicularizo. E é imperativo que as demais feministas passem a fazer o mesmo imediatamente.
    É por isso que considero as seguintes imagens anti-feministas e totalmente inaceitáveis.

 Magras são ridículas, a imagem da morte, da feiúra, da doença.


 Como eu estou acima da sociedade com a minha criticidade, inteligência e superioridade intelectual, eu decido, em oposição à sociedade, o que é atrativo. O que a "sociedade", da qual não faço parte, porque estou acima, considera bonito é uma forma de beleza falsa, irreal e pior. E as mulheres que têm o biotipo da foto "menos atrativa"? Que vão para os infernos.


Não é a mídia de massas que fomenta a anorexia ou a bulimia que é ridícula, a mulher com anorexia que é ridícula, tola, manipulável e é punida pelos seus defeitos com a morte.



As mulheres magras que se consideram bonitas e têm auto-estima são ridículas. Seus corpos são deformados e, quando elas têm expectativa de receber aprovação social, ficam com cara de tacho. Diferente das mulheres gordas, todo o escárnio contra elas é válido.

    São tentativas bem-intencionadas, mas inválidas, de combater a ditadura da magreza e suas consequencias para as mulheres gordas.
    Em tempos de "campanha pela real beleza", tem-se pregado que a beleza das mulheres gordas ou com sobrepeso é uma beleza "real" ou "verdadeira" frente a uma farsa, que seriam as mulheres magras. Uma farsa de mulheres "irreais, inalcancáveis, inatingíveis", e como quem não existe não tem e não merece direitos políticos... tanto as mulheres naturalmente magras quanto aquelas que o são por motivo de doença estão à margem das reivindicações feministas de "ame o seu corpo". Como uma mulher magra, eu frequentemente me perguntei, diante de postagens feministas, se eu também tenho direito ao amor-próprio e à auto-estima, e interpretando corretamente certas imagens, eu sei que a resposta é não. Quando questionadas, as autoras vêm com a mesma resposta que homens machistas sempre dão "mas não foi isso que eu quis dizer". Não quis dizer, mas disse, e o estrago está feito da mesma forma.
    Não faz sentido reivindicar que magras são feias, surreais, um delírio da edição de imagens via digital, uma forma falsa e elitizada de beleza e que a beleza verdadeira e legítima está nas mulheres gordas. Pode excluir uma minoria das mulheres, mas é excludente e, ao fazer essa opção de quais mulheres não contemplar em suas campanhas, é à morte que as feministas condenam as mulheres excluídas de suas prioridades.
    À morte, porque sozinhas elas não podem nada, porque o restante da sociedade não quer saber e não se importa com os problemas das mulheres, e se o movimento de luta pelas mulheres por excelência as negligencia, o fato é que elas vêm morrendo em série sem encontrar nenhuma forma de amparo.
    Este texto é duro, mas provavelmente não tanto quanto a dureza e a frieza de várias feministas, gordas ou nem tanto, que disseminam uma idéia de que anoréxicas e bulímicas são acríticas demais, alienadas demais, fúteis demais, "despolitizadas" demais, ou resumindo, inferiores demais para serem feministas e que é por isso que não há necessidade de publicar-se sobre.
    O combate à gordofobia não deve ser feito com base na ridicularização das mulheres magras ou magérrimas, anoréxicas e bulímias ou não, pois elas são as vítimas mais agudas da gordofobia, muito mais do que as mulheres gordas. Porque são elas que morrem lentamente e, enquanto sobrevivem (ou subsistem), sofrem de um tormento mental que não dá um minuto de sossego que dê margem para algum bem-estar e felicidade. Ter anorexia é um padecimento em período integral. É calcular cada mínimo gesto para gastar o máximo de calorias. É ir sempre pela escada e nunca pelo elevador, é ver cada vitrine com roupas 38 como um convite a recusar o próximo prato, é sentir a fome intensa e devastadora percorrendo todo o corpo e não poder fazer nada diante disso, é sentir a fome corroer e embotar também a capacidade de raciocínio, é ver cada mulher que passa como alguém com quem se comparar e se medir, é ver cada micro problema da vida como uma decorrencia do sobrepeso e cada pequena vitória como algo imerecido também por causa desse peso.
    Como eu sei disso? Eu fui até essas mulheres e as ouvi, ao longo de 3 anos inteiros. É isso que cada feminista deveria fazer antes de postar cada piadinha sobre a Marilyn Monroe ser bonita "de verdade" e as modelos atuais serem uma merda.
    A dor dessas mulheres e meninas não pode mais ser tratada como uma mera excentricidade esquisita e exótica que acomete a pessoas que são coitadas, mas também fúteis e acríticas e por isso talvez até parcialmente merecedoras.
    Eu perdi amizades, fui excluída de perfis no facebook, bloqueada, silenciada, vexada e calada toda vez que me recusei a ficar quieta diante dos abusos de um feminismo que, no seu combate à gordofobia, é violento com as maiores atingidas por essa mesma gordofobia. Vou continuar fazendo isso porque se faz cada vez mais necessário e convido a todas a fazer um reexame de consciência e verificar se não tem agido de maneira injusta, de maneira direta ou não, com mulheres cujo sofrimento ultrapassa em muito a capacidade de imaginação da maioria de nós.
    Este é o meu primeiro texto a respeito mas pretendo continuar incomodando, no intuito de disputar este movomento social para ele de fato ser inclusivo e respeitoso para com todas.


Observação: importante salientar que mulheres com anorexia ou bulimia não necessariamente são magras, que dirá muito magras. Muitas têm sobrepeso e outras tantas são obesas. O peso delas costuma oscilar fortemente por conta do ciclo no food/low food + compulsão alimentar + no food/low food novamente.

30 comentários:

  1. Oie Jenni,


    Entendo sua indignação, embora eu não seja uma pessoa totalmente feminista ainda costumo me classificar como pré-feminista, eu tenho ideais comuns a maioria delas e além disso eu sou uma mulher que promove a Beleza Obesa com frequência, mas isso não faz com que eu desmereça as outras Belezas.
    Sou contra essas imagens comparativas e até escrevi sobre elas a um tempo se quiser conferir está aqui http://belezasemtamanho.com/para-uma-pessoa-ser-bela-outra-tem-que-ser-feia/

    Assim como as Feministas erram em julgar as anoréxicas, eu considero que vc tbm erra em colocar todas as Feministas como pregadoras somente da beleza acima do peso.

    Eu sou Fatpride em causa própria, mas nem por isso desmereço qualquer corpo que difere do meu :)

    Bjmmm

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    1. tambem achei que ela projetou um pouco de raiva nas gordas, quem dera todo o meio feminista fosse fat positive, nao chega nem perto disso. pessoal fala bem mais de travesti (que é oq? menos de 1% da população? e nem mulheres são) do que de gordura, que é algo que atinge a maioria das mulheres, em diferentes graus.

      jenni, tambem odeio essas comparaçoes, acho podre mesmo. nao desmereço nenhum corpo, nao especulo sobre a saude de ninguem, ja que fazem isso comigo desde que eu tenho 7 anos de idade. eu sou gorda, tenho disturbio alimentar e me acho horrivel desde sempre, me odeio mesmo.

      sempre tive muitas amigas magras (de verdade, que pesam 40 kg e tem peito bem pequeno) e sempre as achei lindas e bem resolvidas. nunca imaginei que uma mulher magra tivesse problema de autoestima pq afinal é o padrão de beleza, das modelos e tal. ate começar a ver relatos sobre isso em grupos feministas.

      enfim, força para todas nós e menos comparaçoes, ja que nao somos peças de carne no açougue. beijos

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    2. Não achei que ela falou que todas as feministas pensam assim, mas uma quantidade bem grande de feministas cada vez mais pensam assim e o padrão das modelos do mundo da moda nem sempre é o mesmo do padrão que agrada aos machões que exigem mulheres com bundas enormes, peitos enormes e coxas bem grossas. No meu caso que sou vegetariana, sim já recebi ataques de várias feministas por eu ser vegetariana, pode acreditar e antes que vc me acuse de generalizar, eu disse várias feministas, não de todas.

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  2. Mais uma vez venho elogiar seu texto, e aqui minha identificação, já comentei que não estou interado com o movimento feminista, veio com o parágrafo final, sobre como é difícil falar contra o senso comum e as opiniões fáceis. Acho que isso é meio comum nos movimentos de reivindicação social, existem "opiniões padrão" que têm exatamente a mesma estrutura contra a qual devíamos lutar: O "nós x eles", o eu consciente contra o outro ignorante. Se entendo seu texto o problema é bem parecido com o que passamos em várias discussões sociais, como naquelas em que mulheres são criticadas por suas danças ou roupas, trabalhadores são criticados por preferirem tal divertimento (futebol, funk, samba) a algum tipo de "educação social". Essas pessoas acabam sendo vistas como causadores dos problemas que as afetam e por isso quase podem ser desrespeitados. No caso das músicas populares por muito tempo defendê-las era o problema, se retirava delas qualquer valor. Hoje, quando já se defende tal forma de expressão a opinião padrão impede qualquer tipo de crítica, e nunca podemos chegar a um ponto de discussão aberta, esbarramos sempre nos extremos, ou se é contra ou a favor. Queria aproveitar e te perguntar algo, quando você fala em feminismo, você fala em movimentos, pessoas que discutem juntas ou mais em pessoas com ímpetos diferentes que de alguma forma podem ser enquadradas como feministas?

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    1. Olá Luiz Guilherme
      é completamente verdade isso que você disse sobre opiniões padrão dentro de movimentos sociais não poderem ser contestadas pelos próprios integrantes desses mesmos movimentos.
      Sobre a sua pergunta, a minha crítica é sobre o movimento feminista atuante e consolidado como tal. Há muitas pessoas que podem ser consideradas feministas porque são a favor da igualdade entre mulheres e homens. No entanto não creio que elas mereçam essas críticas se não estiverem inseridas em nenhuma coletividade que luta pela causa feminista porque geralmente é dentro desses espaços que se forjam os estereótipos, os pontos de vista monolíticos, a centralização autoritária das convicções a serem defendidas.
      Abraços, sempre um prazer te ter por aqui

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  3. Seu texto é muito bom, mas eu nunca vi esse tipo de imagem sendo divulgadas por nenhum movimento feminista, pelo menos por nenhum movimento feminista sério. Pelo contrário, vejo muito esse tipo de "gracinha" em sites como o 9gag que é famoso por outras piadinhas machistas, como por exemplo aquelas com a infame "friendzone". É justamente esse tipo de site que costuma fazer comparação entre a "atratividade" das mulheres e o nível de "realismo" da beleza delas. Nenhum@ feminist@ faria este tipo de comparação...

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    1. Yardena, se você nunca viu esse tipo de imagem sendo divulgadas por nenhum movimento feminista, é porque o seu conhecimento dele é muito fraco e superficial. Eu milito no movimento feminista há 9 anos, e TODAS as imagens acima foram tiradas de páginas feministas no facebook. A saber, respectivamente: Mujeres salvando el mundo, Dia de amar seu corpo e Lucha contra la Anorexia y la Bulimía (as duas últimas). No entanto, isso são só alguns poucos exemplos. Muitos outros poderiam ter sido dados. Há imagens abundantes de Barbies retratadas de forma distorcida para parecerem pateticamente magras, de modelos plus size X modelos que morreram de anorexia e/ou bulimia dizendo que uma é real beleza e a outra não, além de que quando uma página feminista publica, muitas outras compartilham (por exemplo, a primeira imagem foi postada pela Mujeres salvando el mundo e compartilhada entre outras pela La gran bella). São páginas feministas, que combatem a discriminação por sexo e gênero em outras publicações.
      O fato de haver imagens desse tipo em páginas machistas é um bom indicadouro de que o movimento feminista vai num mal caminho. O que temos que fazer não é negar que feministas erram, mas reavaliar se as práticas do movimento estão de acordo com os seus objetivos.
      Fui administradora de uma página feminista no Facebook com 36 mil curtidoras e eu curto virtualmente todas as páginas feministas do facebook em língua portuguesa e algumas em espanhol. O fato é que semanalmente imagens desse tipo pulam na minha timeline e eu estou um tanto cansada disso.
      Uma rápida busca de imagens no Google sobre ditadura da magreza revela resultados surpreendentes:
      https://www.google.com.br/search?q=ditadura+da+magreza&client=firefox-a&hs=trO&rls=org.mozilla:pt-BR:official&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=nkmQUbu_Gs6Q0QH-uIEw&ved=0CDUQsAQ&biw=1366&bih=664
      Só na primeira página de pesquisa já aparceram 2 blogs feministas que se aproveitaram da dor de duas mulheres, que faleceram graças à doença, usando elas como símbolo de feiúra. São eles os blogs Síndrome de Estocolmo e Amélia já era.
      Esta tirinha aqui, por exemplo, é EXTREMAMENTE ofensiva, e foi compartlhada numa página feminista imensa, a Feminismo sem demagogia. Endereço original da postagem: http://www.facebook.com/photo.php?fbid=380659265384630&set=a.181209315329627.38166.181129068670985&type=1&theater
      Não adianta dizer que não são feministas "sérias" ou "de verdade". Precisamos repensar, mudar, melhorar.

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    2. Bem, eu curto uma grande parcela das Marchas da Vadias pelo país e quase todos as páginas de movimentos feministas brasileiros, além de participar de grupos de discussões sobre o assunto, um deles presencialmente. Realmente nunca vi algo assim nesses ambientes, somente nesses sites de humorzinho questionável. Mas, como salientei, nunca vi isso em nenhum movimento feminista SÉRIO, sobre os não sérios, ou, melhor dizendo, equivocados (não quero questionar a boa fé das páginas que você cita, tenho certeza que o problema não é falta de seriedade ou má fé), meu conhecimento, de fato, é superficial. Fato é que o feminismo vêm, há tempos, passando por um processo de diluição de maneira que a maioria das mulheres não o entende, não o reconhece, não sabe para que ele serve ou o confunde, e os movimentos feministas, por sua vez, também sofrem as consequências. O 8 de maio, por exemplo, que deveria ser a data máxima da causa, já virou, na cabeça de uma grande massa de mulheres supostamente independentes e "bem resolvidas", o dia de ser homenageada comprando sapatos com descontos. Enfim, não é, de forma alguma, surpresa que o feminismo esteja sendo "exercido" de maneira equivocada e incoerente ainda que de boa fé.

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    3. A respeito dessa falácia de que determinados setores do movimento feminista não são feministas "de verdade", "sérios" ou coisa equivalente, recomendo o seguinte vídeo: http://indicoesse.blogspot.com.br/2011/08/falacia-do-escoces.html
      Recomendo também que procure pesquisar sobre "expulsão do grupo/falácia do escoês".

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    4. Sempre assim, quando aparece algo antiético elas sempre empurram falando que não são feministas sérias. Então ou ela acha isso normal, agredir as magras gratuitamente ou então as feministas sérias são 0,1%, o que não surpreenderia mais ultimamente. As feministas mais conhecidasdo Brasil, inclusive uma delas que tem um blog bastante famoso que tem um título que lembra o título de um filme "corra...corra" e um outro blog o que se diz 'sem demagogia' são blogs feministas bastantes famosos no Brasil e considerados bem sérios inclusive e o tempo todo tem ataques e agressoes gratuitas a mulheres magras. Esses dois foram apenas dois exemplos porque tem mais outros considerados bem sérios com as mesmas agressões.

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  4. Muito obrigada por esse texto! Depois dele parei de me sentir culpada pela minha magreza genética!

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    1. Muito obrigada pelo comentário! Se eu tiver feito pelo menos uma mulher se sentir melhor com o próprio corpo, já me sinto recompensada.
      Forte abraço

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    2. E mesmo que não fosse genética, porque ser magra por opção virou crime? Por que ser magra por opção virou sinonimo de doença?

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  5. A imagem "fuck society" não faz sentido porque a sociedade não prefere as mulheres magrinhas, mas sim as mulheres do meio. Os 2 extremos (obesidade e magreza) são mal vistos. A suposta "gorda" da imagem está mais próxima do meio - da mulher dita gostosa.

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    1. Mas muitas feministas ignoram o fato da maioria dos homens preferirem mulheres tipo 'panicats' por exemplo, elas cismaram em atacar as mais magrinhas.

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  6. Jenni,

    Gostei do seu post e concordo que é um erro comum levar ao extremo e considerar essa a ~real beleza~. Pessoalmente, sou body positive, seja qual for o biotipo. Se a pessoa também não desejar se sentir bela, é um direito.

    Só acho perigoso a defesa radical de despirmos da ideia de beleza, em uma separação de mente e corpo, por que podemos nos sentir capazes e não belas? O espírito vale mais que o corpo? Quem busca a beleza é fútil?

    Um abraço,

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    1. Olá Déborah,
      em primeiro lugar, gostaria de dizer que sou uma fã do seu blog :) Adoro particularmente as postagens que relacionam veganismo e feminismo, e já publiquei todas na página da Polêmicas Feministas no face ^^ Eu comecei não consumindo produtos testados em animais nem couro, agora estou me empenhando para tirar definitivamente a carne da minha dieta, e quem sabe um dia eu não consiga ser vegan também? *Sonha*
      Eu concordo com você que não tem essa de real beleza: tem o gosto pessoal, que é infinitamente relativo, e tem um padrão socialmente ditado que não devemos substituir por outro. A meu ver, creio que o ideal seria padrão nenhum, deixando as pessoas completamente livres para decidir o que preferem por si mesmas, ao invés de uma proposta social de ideal a ser alcançado (no próprio corpo ou no corpo de parceir@s amoros@s).
      Há muitas garotas com a auto-estima arrasada ao ponto de pensarem: se eu preciso dizer que me acho bonita para ser feminista, vou ter que mentir para as pessoas a esse respeito... bom, para mim tudo gira em torno de não culpabilizar a mulher ("sua fraca alienada sem auto-estima!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!").
      Apanhei muito para entender que a estética é uma dimensão totalmente válida; eu estava emperrada numa visão cristã que separa mente e corpo, material e espiritual, útil e fútil de forma maniqueísta. Hoje encontrei o anti-cristo e me libertei /o/ Brincadeira, hoje sou atéia e não tenho mais esse tipo de visão.
      Não há problema em se sentir bela, ser vaidosa, etc. Mas, não vamos mirar nas garotas que não se acham bonitas! E sim na mídia de massas.
      Abraços, será um prazer se eu tornar a receber uma visita sua ^^

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    2. Eu já fui agredida por algumas feministas em um famoso blog por ser vegetariana e inclusive várias feministas estavam agredindo vegetarianos os chamando de hipócritas, traidores da 'raça (humana) superior', falando que seres humanos são explorados em plantações de soja, foi um horror. Como se a indústria da pecuária também não explorasse a mão de obra do ser humano também. Teve umas que chamavam os veganos de burgueses capaitalistas urbanos, como se as proprias feministas, a maioria não fossem burguesas e urbanas e também esquecem que a industria da pecuaria também é capitalista. Foi um horror!

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  7. Jenni,

    Eu (acho) que compartilhei essa imagem da Marilyn, sabe... na hora não pensei sobre o quanto estava sendo violenta com mulheres que podem ter desordens alimentares. Muito obrigada pelo post, eu realmente não tinha pensado nisso antes. Vou ficar alerta e tentar não repetir... e também tentar impedir posts assim nas comunidades em que participo.

    Gostaria de pedir desculpas sinceras às pessoas que ofendi compartilhando esse tipo de imagem.

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    1. Olá Sharon,
      já compartilhei coisas das quais me arrependi depois, normal. Fico muito feliz de ter ajudado alguém a refletir e avançar ^^ Sempre podemos recomeçar!
      Abração,

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  8. Oi Jenni

    Eu me tornei feminista justamente por minha experiência com anorexia. Senti sim, de início, uma resistência e um julgamento enorme dentro do movimento que às vezes trata destes problemas como problemas "burgueses" e voluntários. Sinto que conforme estas questões tornam-se mais urgentes, no entanto, o feminismo as tem abraçado com mais e mais solidariedade.

    No entanto, a ignorância ainda é grande, especialmente fora dos meios feministas.

    bjs

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    1. Olá Mall,
      Realmente, é muito triste que as mulheres feministas não empatizem com mulheres com anorexia (de qualquer peso), apenas com as gordas que resolvem se manter assim. Não enxergam que ambos os lados estão sendo atingidos pelo MESMO problema!! E que caem na lógica de culpabilização da vítima. É o mesmo raciocínio que o restante da sociedade, fora do movimento feminista, usa com a anorexia, a depressão, etc. Uma versão pretensamente sofisticada do "isso daí é frescura".
      Vamos continuar trabalhando para mudar essas mentalidades!
      Desejo sinceramente que você tenha recuperado plena saúde, física e mental, e no que precisar pode contar, viu?
      Abraços,

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    2. No meu caso eu já fui criticada tanto por feministas quanto por mulheres machistas por querer sair do sobrepeso e voltar ao mesmopeso normal depois de ter aumentado de peso por conta de uma depressão. No caso de umas feministas falaram que eu estava deixando de ser eu mesma para seguir um padrão machista da mídia e da sociedade e no caso das mulheres machistas que eu estava deixando de ser eu mesma por estar saindo do padrão que os homens gostam, de popozuda de bundão e coxão enormes. Eu não agrado nem a feministas e nem a machistas.

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  9. Jenni Nummi, tu está muito certa em abordar este tema, porém estás cometendo um equívoco. O 'movimento feminista' não faz o que tu estás dizendo que ele faz. O que acontece é que, sob a bandeira do feminismo, muita gente ignorante comete atrocidades, como estas que tu arrolas.
    Eu também já havia visto algumas daquelas imagens ou charges que postaste (e outras) e sempre às achei terríveis!!! Porém, nunca achei que aquilo era 'feminismo' - não é.
    Então, apenas sugiro que não ataques 'este' feminismo e sim que retire a palavra 'feminismo' de tuas próximas críticas, dirigindo-se diretamente às pessoas que ignoram estas doenças e suas implicações. Tem gente que critica anoréxicas e bulímicas estereotipadas, mesmo sem ser feminista!
    Isso é burrice, não tem nada a ver com feminismo.
    Se tu insistir em conectar estas coisas, vais estar afirmando que isso é feminismo e vais estar enfraquecendo o movimento, além das conseqüências que tu mesma já elencaste no texto.
    Estou contigo nesta e também vou escrever a respeito!

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    1. Olá,
      Realmente, há feministas mais e menos lúcidas, mas achei que, se dirigisse o texto especificamente às mulheres feministas, conseguiria balançar esse meio e, aparentemente, surtiu algum efeito, pela forma como este texto repercutiu no facebook. No entanto, estou pronta para reconhecer que fiz uma generalização, até certo ponto, bastante injusta.
      De fato, não são muito coerentes com o feminismo aquelas publicações. Infelizmente, ainda há outras tantas, não listadas no post, que continuam a circular em páginas de feministas menos informadas. Espero ter oferecido um contraponto útil para o debate.
      Por favor, me mande o que escrever sobre isso para eu republicar aqui!
      Obrigada pelas críticas construtivas e educadas.
      Forte abraço,

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    2. Em blogs e páginas feministas bastante conhecidos existe sim esse tipo de comportamento por parte de algumas delas.

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  10. Sou obesa faz tempo, mas se ñ fazer muito esforço tenho recaidas porque sou bulemica desde muito nova nunca desmereci nenhuma mulher por ser magra até hj tb não tive vontade de ser só conheci uma moça que passou da obesidade para a anorexia porque o que ela sofreu foi demais para ela e parou de comer e chegou a pesar 40 kilos mas tinha conseguido melhorar,minha melhor amiga era magra ñ gosto de charges nem decomparações de nenhum tipo piadas contra qlq tipo de pessoa seja ela quem seja nós mulheres estamos sobre a mesma corda só ñ percebemos.

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    1. Olá Suzana,
      eu lamento sinceramente pelos seus problemas de saúde, e gostaria de manifestar o meu total apoio a você, independente do que decida fazer com o próprio corpo. Se escolher permanecer com sobrepeso, ou se decidir emagrecer, estará exercendo seu direito em qualquer dos casos e merece ser amparada por todas as feministas.
      Com relação à bulimia, fico muito feliz que, mantendo a disciplina, você esteja conseguindo mantê-la longe da sua vida. Sei que é muito difícil, ainda mais quando temos tanto estímulo da sociedade para continuar fazendo isso, mas sei também que você é forte o bastante para superar o problema.
      Acho importante isso que você falou de não ser crítica ou cruel com mulheres magras, que merecem respeito tanto quanto as gordas, as médias... somos todas dignas ^^
      Realmente, é muito raro uma mulher perder muito peso com a anorexia ou com a bulimia; o mais comum é ficar perdendo e tornando a ganhar peso, o famoso efeito sanfona.
      Acho que debochar do tipo físico alheio é uma das coisas mais grosseiras, e isso não deixa de ser verdade quando a crítica é a mulheres magras.
      Muito acertado o final do seu comentário: somos todas mulheres, estamos todas juntas a enfrentar o mesmo problema, só precisamos perceber isso!
      Abraços, melhoras e força!!

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  11. Achei esse texto muito importante, muito mesmo. Ele me abriu os olhos para as anoréxicas e bulímicas como vitimas ainda maiores da gordofobia do que as próprias pessoas gordas. Muito bom texto e muito obrigado.

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